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13 de Maio de 2024

Assédio sexual de homens: denunciar ou não denunciar?

Com o sucesso da série Baby Reindeer da Netflix, o assédio sexual contra homens é atualmente um tema bastante mediatizado. No entanto, a discussão à volta deste tema, não garante necessariamente a educação sobre este tópico, nomeadamente junto das vítimas. Vamos falar sobre alguns pontos centrais.

Sabemos que os homens tendem a não denunciar situações de violência e assédio sexual, especialmente se quem assediar for mulher. Os homens sobreviventes podem sentir que a situação não é tão séria ou grave e, por isso, podem desconsiderar sinais de alerta que indicam a escalada e intensificação do assédio. O assédio pode ser desvalorizado, especialmente quando a mulher recorre ao humor como estratégia de manipulação ou não se apresenta de forma agressiva ou violenta (o que habitualmente ocorre quando é um homem a assediar).

Há homens que podem desenvolver sentimentos de empatia ou até pena por quem assedia e assim mitigar a perceção de perigo. Quando existe uma escalada nas ações e comportamentos de quem assedia, os homens vitimados podem hesitar em denunciar o que está a acontecer. Podem ficar em silêncio por medo de não serem levados a sério, por acreditarem que conseguem gerir ou mesmo resolver a situação sozinhos, medo que haja represálias (ex: quando quem assedia faz ou aumenta as ameaças) ou por sentirem culpa (é comum que as vítimas possam identificar situações, nas quais sentem que estavam a corresponder ao assédio e assim serem vistos como co-responsáveis). Quando denunciam, estes homens sentem que pode ser difícil provar o que aconteceu.

É importante clarificar que assédio sexual é crime. Está definido no artigo 170º do Código Penal Português “Importunação sexual” e inclui atos de “carácter exibicionista, formulando propostas de teor sexual ou constrangendo-a a contacto de natureza sexual”. Pode ser “punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias.”

É importante que o assédio sexual seja visto como crime e uma experiência potencialmente traumática para as vítimas. Mesmo quando não há evidências reconhecidas como violentas ou agressivas, com recurso ao toque e coação física, o impacto na vida da vítima pode ser profundo e disruptivo. Neste sentido, é fundamental destacar o impacto emocional que pode ter no homem vitimado. Por exemplo, pode desencadear uma sensação de insegurança, perda de controlo da sua vida e ausência de liberdade sobre as suas ações. Em muitas situações, os sobreviventes vêem-se emaranhados numa situação, na qual têm qualquer controlo e da qual não sabem como sair.

Se viu a série Baby Reindeer e identifica aspetos em comum com a sua história ou se está a passar por uma situação de assédio sexual, saiba que a Quebrar o Silêncio pode ajudá-lo.

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