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6 de Novembro de 2020

“Devo partilhar a minha história de abuso?”

O processo de recuperação do trauma de um sobrevivente de violência sexual é feito de etapas e momentos, que nem sempre são acompanhados de decisões fáceis. Uma das questões que muitas vezes surge no decorrer deste processo, está relacionada com a partilha da sua história de abuso com pessoas próximas ou familiares. Alguns homens sentem que é sua obrigação partilhar, outros encaram-no como um momento empoderador, enquanto outros vêm a partilha com medo e como algo que não integra o seu percurso de recuperação.

A verdade é que esta é uma decisão individual e não há uma resposta única para todos os homens. A partilha da sua história é sempre uma decisão do sobrevivente. É ele que decide  a quem conta, o que conta e como conta, garantindo assim que mantém o controlo sobre a sua narrativa. No entanto, a decisão de não partilhar não impede o progresso do seu processo de recuperação.

A partilha deve ser feita quando o sobrevivente sentir que é importante fazê-la. Perante esta decisão, partilhamos algumas orientações para o ajudar:

  • Procure partilhar com pessoas próximas e em quem confia, aumentando assim a sua sensação de segurança.
  • Procure um sítio calmo onde possa estar à vontade, e reserve algum tempo para a partilha, para que não corra o risco de ser interrompido.
  • Procure estar sóbrio quando fizer a partilha. É importante que o faça estando em controlo das suas capacidades.
  • Depois da partilha tente encontrar tempo para relaxar e descontrair. Faça algo de que gosta e que o faça sentir bem.
  • Prepare-se para uma reação menos recetiva e menos positiva. Nem sempre a pessoa que está à nossa frente poderá saber como reagir.
  • Lembre-se de que é você que decide o que conta e como conta. Não tem de responder a questões que o deixem desconfortável ou que sejam invasivas.

Se tem dúvidas sobre o processo de partilha ou se sente inseguro em relação à decisão a tomar, fale connosco. Contacte-nos através do email poio@quebrarosilencio.pt ou da linha de apoio 910 846 589.