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4 de Maio de 2023

Quebrar o Silêncio regista aumento nos pedidos de ajuda

Desde a fundação da Quebrar o Silêncio em 2017, que a associação registou um total de 652 pedidos de ajuda de homens e rapazes vítimas de abuso sexual.

Em 2023 a associação Quebrar o Silêncio tem recebido uma média de 14,5 novos pedidos por mês de homens e rapazes vítimas de violência sexual. Só em abril foram registados 18 novos pedidos de ajuda, num total de 58 novos casos no primeiro quadrimestre de 2023. Este é um aumento de 38% relativamente a 2022, cuja média mensal foi de 10,5 novos casos.

“Sabemos que este aumento, apesar de significativo, continua a não representar a realidade dos homens e rapazes que foram vítimas de violência sexual, uma vez que são poucos os homens vitimados que procuram ajuda. Apesar de ser noticiado frequentemente, este é um tema que continua a ser tabu e não é fácil para as vítimas partilharem as suas histórias de abuso” refere Ângelo Fernandes, fundador da Quebrar o Silêncio.

A associação Quebrar o Silêncio reforça que não há um perfil dos sobreviventes, clarificando que qualquer homem ou rapaz pode ser vítima de violência sexual. “Os homens que nos procuram têm em média 39 anos, num universo de idades que vai dos 16 aos 70 anos. Vêm de todas as regiões de Portugal e também de outros países como é o caso dos portugueses que estão emigrados e que não têm acesso a respostas como a Quebrar o Silêncio. A nível de escolaridade, estado civil, profissão e de outras características, o espectro é bastante diversificado e não é possível traçar um perfil dos sobreviventes “, indica o representante da associação.

Prevenção da violência sexual contra crianças

A Quebrar o Silêncio encontra-se a ultimar um guia com orientações para a prevenção da violência sexual contra crianças destinado a profissionais e instituições que tenham crianças a seu cargo, como é o caso de escolas, campos de férias, entidades desportivas ou centros de acolhimento. “O nosso objetivo é, não só, informar e capacitar profissionais sobre como os abusadores chegam às crianças e as silenciam, como também como conquistam a confiança dos adultos cuidadores. A prevenção primária é urgente, mas é preciso termos cuidado com a promessa de soluções fáceis, pois estas não existem. Muitas vezes estas medidas responsabilizam as crianças pela sua própria segurança, o que é problemático e errado. É preciso clarificar que a responsabilidade da prevenção cabe aos adultos, à família e às instituições que as crianças frequentam. Assim, a nossa estratégia passa pela informação e capacitação de profissionais para que saibam como agir. Segundo a nossa experiência há muita desinformação relativamente a estas matérias, o que apenas beneficia os abusadores,” avança Ângelo Fernandes.

O lançamento do guia está previsto para junho de 2023.

Números relativamente aos pedidos de apoio.

Até ao final de abril foram registados um total de 94 pedidos de apoio, dos quais:

  • 58 homens sobreviventes de violência sexual
  • 20 familiares e pessoas amigas
  • 12 mulheres sobreviventes de violência sexual (encaminhadas para outras respostas)
  • 3 homens vítimas de violência doméstica (encaminhados para outras respostas)
  • 1 caso não identificado/por identificar

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