A passagem de ano é para muitas pessoas um momento de transição, em que é feita uma retrospectiva sobre o que passou e uma reflexão acerca do que desejamos fazer a seguir, do que queremos mudar, dos objetivos e planos que queremos concretizar.
Para alguns homens que foram vítimas de violência sexual, esta altura pode desencadear sentimentos de fracasso, ansiedade, receios e inseguranças. Podem sentir que a sua vida está estagnada, que fracassaram e que continuam a debater-se com os mesmos problemas de sempre, o que gera um sentimento de desesperança face ao futuro, como se não fosse possível sentir-se melhor. Esta sensação pode levar o sobrevivente a assumir uma postura passiva e mais derrotista perante a vida, na qual sente que é apenas um observador sem qualquer controlo ou poder de escolha. Por outro lado, pode levar a uma necessidade desesperante de mudança que faz com que o sobrevivente coloque metas irrealistas e inalcançáveis, acabando por se auto-sabotar e reforçar a crença de que é um “falhado” e que nada mudará.
O começo de um novo ano pode ser desafiante, mas sabemos que pode também ser uma oportunidade. Uma oportunidade para procurar ajuda, de deixar de enfrentar a dor e o sofrimento sozinho, de partilhar e expressar o que sente, de começar a cuidar de si, de se rodear de pessoas e coisas que lhe fazem bem e afastar-se do que o está a consumir. Uma oportunidade de se conhecer melhor, de validar as suas vontades e necessidades, de reconhecer o seu valor e resiliência, de definir objetivos realistas e tangíveis por si e para si.
Independentemente da sua história, e dos contornos do que lhe aconteceu, lembre-se que “o que vivemos é parte do que somos, mas não o limite do que podemos ser”. Nunca é tarde para quebrar ciclos, fazer diferente, voltar a tentar. Por vezes pedir apoio é o que basta para começar a retomar o controlo da sua vida.
Saiba que não está sozinho e que a Quebrar o Silêncio está disponível para si. Contacte-nos através da Linha de Apoio 910 846 589 ou do email apoio@quebrarosilencio.pt.