No nosso dia-a-dia, na interação com o outro é natural que recorramos a máscaras sociais, inofensivas e de alguma forma protetoras. Por exemplo, um sorriso forçado quando não nos apetece ou a típica resposta à pergunta, “Está tudo bem?”, “Sim, está tudo bem”, mesmo quando não está…
Apesar de ser uma estratégia comum, nos homens sobreviventes esta máscara pode assumir proporções muito maiores e disruptivas. A necessidade constante de esconder quem é e “o que fez” (por acreditar que as pessoas não tolerariam conhecê-lo de verdade e o julgariam pela sua história), pode levar à criação de uma ou várias personagens. Personagens estas, adaptadas às diferentes realidades do seu dia-a-dia e que se tornam exaustivas para o homem sustentar. Por vezes, esta necessidade de manter a “fachada” pode levar a um rol de mentiras que se acrescentam umas às outras na tentativa de sobreviver. A necessidade de manter este comportamento pode variar conforme a situação e a pessoa ou pessoas com quem o sobrevivente se relaciona, mas alguns homens mantêm a sua máscara em todos os momentos em que não estejam sós.
A necessidade de demonstrar que é “homem a sério”, que “não é maricas”, que é confiante ou que não tem medos, são algumas das motivações que contribuem para a manutenção da sua máscara. Apesar de ser uma estratégia para se integrar, não é incomum que esta adaptação social se torne desadaptativa e empurre o homem ainda mais para o isolamento, com fortes sentimentos de solidão e vazio, porque ao proteger-se do mundo, não deixa ninguém aproximar-se verdadeiramente.
No processo de recuperação, o sobrevivente consegue perceber que não faz mal deixar mostrar as suas vulnerabilidades e que não há nada de mau ou nojento na pessoa que é. Desconstruir o seu papel de vítima no(s) abuso(s) e utilizar estratégias alternativas na relação com os outros, são algumas das ferramentas que um profissional especializado poderá trabalhar para ajudar o homem a abandonar a necessidade constante de esconder quem é.
Se se identifica com alguns destes pontos ou se experiencia outras consequências que geram mal-estar, contacte-nos através do email apoio@quebrarosilencio.pt ou da nossa Linha de Apoio 910 846 589.