Muitos homens sobreviventes de violência sexual que procuram o apoio da Quebrar o Silêncio, têm pensamentos sexualizados. Estes pensamentos são intrusivos e recorrentes e podem estar relacionados com memórias de abusos sexuais vividos ou com situações do quotidiano e até envolver pessoas estranhas ou conhecidas. Alguns podem incluir situações e comportamentos relacionados com sexo, nudez, foco obsessivo na região genital, entre outros. Estes pensamentos provocam sentimentos de culpa, vergonha e ansiedade, levando muitos sobreviventes a acreditar que algo muito errado se passa com eles.
Quando estes pensamentos sexualizados envolvem homens, os sobreviventes podem sentir-se confusos relativamente à sua orientação sexual ou colocar em causa a sua masculinidade, em particular se a sua orientação sexual for heterosexual. No entanto, homens homossexuais e bissexuais também podem experienciar o mesmo e sentirem que são mais promíscuos ou que estão a trair o companheiro pelas imagens que surgem na sua mente. Por vezes, estes pensamentos podem desencadear reações físicas inesperadas, como ter uma ereção ou até ejacular, o que reforça dúvidas acerca da sua sexualidade.
Alguns sobreviventes partilham ainda o medo de se tornarem abusadores, o que acaba por influenciar o modo como se comportam e as decisões que tomam na sua vida, como por exemplo evitar estar perto de crianças ou não querer ter filhos. Este medo é na grande maioria infundado por desconhecerem a razão pela qual foram vítimas de abuso sexual e/ou porque razão os abusadores abusam sexualmente. Este desconhecimento acaba por alimentar as suas dúvidas. Na verdade, muitos dos sobreviventes que são pais, estão em alerta e vigilantes a determinadas situações em relação aos filhos devido à sua história de abuso sexual.
A violência sexual é um evento potencialmente traumático e uma das consequências comuns é a hipersexualização. Esta pode manifestar-se através de pensamentos sexualizados intrusivos, frequentes e até obsessivos que podem levar o sobrevivente a sentir necessidade de ter comportamentos como masturbação excessiva ou recurso à pornografia.
Apesar do impacto disruptivo que estes pensamentos podem provocar na vida destes homens, os sobreviventes não têm de viver reféns dos mesmos. Através de um acompanhamento psicológico especializado, é possível compreender a origem dos pensamentos sexualizados enquanto consequência do trauma vivido, tal como, o facto destes pensamentos não estarem relacionados com a orientação sexual e não definirem a identidade do sobrevivente. Para além disso, o apoio permite desconstruir crenças erradas relacionadas com a violência sexual, tais como, acreditar que se alguém passa por uma situação de abuso se vai tornar num abusador.
Com a intervenção especializada em trauma e em violência sexual, o sobrevivente adquire e desenvolve estratégias para gerir estes pensamentos, assim como, as emoções negativas desencadeadas pelos mesmos. Tudo isto permite que o sobrevivente se sinta melhor consigo mesmo, mais seguro e confiante, tendo um impacto positivo na forma como se relaciona com os outros.
Caso se identifique com alguma das situações queremos que saiba que não está sozinho e que na Quebrar o Silêncio podemos ajudá-lo a compreender melhor o que viveu e o impacto que teve na sua vida.
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