Com a aproximação do Dia dos Namorados, é comum sermos bombardeados com publicidade e referências a programas românticos. As redes sociais enchem-se de fotografias de casais felizes e manifestações públicas de afeto. Para muitos, esta data é uma celebração do amor, mas para os homens sobreviventes de violência sexual, pode ser um dia particularmente desconfortável e doloroso, sobretudo quando enfrentam dificuldades em estabelecer e manter relações de intimidade saudáveis e duradouras.
Perante esta efusão de amor e felicidade, um sobrevivente pode sentir-se deslocado, questionando a sua própria capacidade de amar e ser amado. A pressão social associada a esta data pode intensificar sentimentos de isolamento, inadequação e sofrimento, levando à crença errada de que nunca será possível viver uma relação plena e feliz. Muitas vezes, o trauma do abuso sexual afeta a forma como o sobrevivente se relaciona com os outros e consigo mesmo, podendo despertar ou intensificar emoções como tristeza, solidão e desesperança nesta época.
Além disso, o discurso dominante em torno do Dia de São Valentim reforça a ideia de que a felicidade está necessariamente ligada a estar numa relação romântica, ignorando a importância do amor-próprio, do autocuidado e das diversas formas de relação significativas que existem para além do casal. Para um sobrevivente de violência sexual, o caminho para a superação do trauma pode passar por reconstruir a sua perceção sobre intimidade, aprender a confiar novamente e permitir-se viver relações que respeitem o seu ritmo e limites.
Se é sobrevivente de violência sexual e sente que as consequências do que aconteceu estão a ter impacto na sua vida, saiba que não está sozinho. Existe apoio disponível, e nunca é tarde para procurar ajuda. A Quebrar o Silêncio está disponível para o receber através da Linha de Apoio 910 846 589 ou do email apoio@quebrarosilencio.pt.