A associação Quebrar o Silêncio recebeu 830 pedidos de ajuda de homens e rapazes vítimas de violência sexual ao longo de oito anos.
Em 2024, foram registados 112 novos pedidos de apoio de homens e 50 novos pedidos de familiares e amigos.
A entidade destaca a diminuição da média de idades para 31 anos, face aos 37 registados em 2023 — uma média que se vinha a manter constante desde a fundação da Quebrar o Silêncio, em 2017. No último ano, verificou-se uma redução de 6 anos, com destaque para o número crescente de vítimas mais jovens, sendo a idade mais comum 26 anos. A amplitude etária continua vasta, abrangendo quase seis décadas, com idades entre os 16 e os 69 anos.
«Este ano, observámos um aumento de pedidos de ajuda de jovens, nomeadamente na casa dos 20 anos, e uma diminuição no grupo etário mais velho. Para a Quebrar o Silêncio, sempre foi um objetivo reduzir o longo período de silêncio dos homens vitimados. Sabemos que, em média, os homens demoram mais de 20 anos a procurar ajuda e, por isso, ficamos muito satisfeitos quando vemos, cada vez mais, jovens a pedir o nosso apoio», refere Ângelo Fernandes, fundador da Quebrar o Silêncio.
A associação também salienta a diversidade dos crimes relatados e dos pedidos de apoio. «Nos últimos dois anos, a Quebrar o Silêncio tem registado uma maior diversidade nos pedidos de ajuda, e 2024 não foi exceção. Embora a maioria dos casos relate abusos ocorridos na infância, temos recebido cada vez mais relatos de violência sexual contra homens adultos em diferentes contextos: saúde e cuidados médicos, desporto, relações de intimidade e namoro, assédio sexual no local de trabalho, extorsão sexual (sextortion), perseguição sexualizada (stalking), aliciamento online de menores ou chemsex. Para os homens abusados sexualmente na idade adulta, os obstáculos à procura de ajuda podem ser particularmente desafiantes. Ainda prevalece a ideia errada de que um homem adulto não pode ser vítima de abuso sexual, pois é esperado que saiba defender-se ou resolver os seus problemas sozinho. Estes mitos e crenças erradas continuam a adiar os pedidos de apoio», explica Filipa Carvalhinho, coordenadora do Gabinete de Apoio à Vítima da Quebrar o Silêncio.
A Quebrar o Silêncio também continua a registar inúmeros pedidos de apoio de familiares e amigos dos sobreviventes. «Em 2024, recebemos 50 pedidos de familiares e amigos. São pessoas que sentem dificuldade em lidar com a partilha de uma história de abuso por parte de um homem sobrevivente e procuram a Quebrar o Silêncio no sentido de saberem o que dizer e fazer. Por vezes, estas pessoas também necessitam de apoio psicológico para as ajudar a gerir as suas próprias emoções, tal como, o modo como se relacionam com o sobrevivente», esclarece Filipa Carvalhinho.
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