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5 de Agosto de 2024

Será que participar no Grupo será bom para mim? Testemunhos de sobreviventes.

Para um homem sobrevivente de violência sexual a ideia de participar num grupo onde poderá falar com outros homens, pode ser assustadora. A possibilidade de se expor a desconhecidos e vê-los também a exporem a suas histórias pode ser constrangedora, especialmente para alguém que passou anos e anos em silêncio, sem nunca ter partilhado o abuso pelo qual passou.

Era esse o receio de Ricardo, 34 anos, que nos diz «A decisão de participar no Grupo de ajuda mútua revelou ser uma decisão acertada. Com o apoio do grupo sinto que acrescentou mais à minha evolução. Antes de decidir participar, senti um grande desconforto com a ideia de me expor a outras pessoas, pois tinha receio de poder encontrar alguém que me reconhecesse. Mas após ultrapassar essa barreira descobri um novo espaço. Espaço esse que nunca tinha encontrado, porque foi onde me senti pela primeira vez que podia ser eu próprio, sem ter de esconder parte da minha história. E isso trouxe-me uma grande sensação de liberdade. Ao ouvirmos as partilhas dos outros, dá-nos ainda mais conhecimento sobre nós próprios e sobre coisas que desconhecemos. Os temas abordados no grupo foram muito importantes para a minha evolução nesta jornada.»

Ultrapassada essa dificuldade o grupo pode ser um auxílio importante para os sobreviventes de violência sexual que procuram apoio psicólogico individual e para quebrar a solidão que muitos homens sentem. É o caso de João, 42 anos, que refere «o Grupo de Ajuda Mútua é fundamental para a minha saúde mental. Durante muitos anos imaginei que apenas eu sentia ou vivenciava algumas situações e, em grupo, percebi que não estava sozinho, que outros homens também passavam por aquelas situações. Com isso, me sinto mais à vontade comigo mesmo, e – a cada encontro – relembro que não sou o único a sentir o que sinto e aprendo a lidar com determinadas situações, a partir da experiência dos meus colegas. É um espaço de acolhimento bastante seguro, onde podemos nos expressar com liberdade, sem julgamentos e recebendo o apoio necessário.»

Para Miguel, de 30 anos «o grupo é uma forma de experienciar e compreender no outro o que você não entende em si mesmo, se espelhar, ver o que existe em comum e de diferente, e encontrar sua própria resposta para seguir em frente.» 

Para o Francisco de 36 anos, “a minha primeira participação no Grupo de Ajuda Mútua aconteceu já eu estava a ser acompanhado na Quebrar o Silêncio há algum tempo. Neste momento caminho para o meu segundo ano no Grupo. Não me recordo, muito honestamente, da minha primeira sessão, mas recordo-me de tantas outras coisas! Tem sido um apoio incrível. No Grupo temos a oportunidade de trazer temas com os quais nos debatemos diariamente, alguns deles a vida inteira. É um local seguro, de confiança, de partilha, de apoio! É ali que podemos respirar novamente. É ali, que entre uma lágrima ou um sorriso, o Eu que nos foi diminuído vai crescendo e ganhando força. No Grupo tive e vou tendo a oportunidade de conhecer pessoas incríveis com histórias pesadas, mas com uma coragem e uma capacidade de luta inacreditável, singular. É ali que eu me conheço melhor, que eu me entendo, é ali que me vou encontrando! Obrigado.»

Sim, participar no Grupo pode ser um desafio para muitos sobreviventes, mas um desafio que pode trazer vários benefícios. Se deseja participar no Grupo de Ajuda Mútua, contacte-nos:
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt