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22 de Julho de 2024

Quando a dissociação ocorre durante a sessão de apoio psicológico

Numa tentativa de evitar o sofrimento gerado pelo trauma do abuso sexual, o cérebro tem a capacidade de se desligar da realidade. Este processo, conhecido como dissociação, é automático e pode acontecer durante o abuso e, também, ao longo de diversos contextos da vida do sobrevivente.

 

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O processo terapêutico pode ser um contexto propício a que episódios dissociativos aconteçam, uma vez que, durante as sessões se aborda o tema do abuso sexual, o que pode remeter o sobrevivente para memórias e emoções difíceis de lidar e, por vezes, até avassaladoras. Por isso, é comum que o sobrevivente dissocie durante as sessões de apoio psicológico.

O sobrevivente pode não se aperceber do que está a acontecer ou em algumas situações pode identificar que algo “estranho” se passa, sem, no entanto, conseguir explicar concretamente o quê. Alguns sobreviventes dizem sentir que de repente desligaram, que a sua mente saiu daquele momento ou que perderam pedaços da conversa. Outros partilham que se perderam no discurso, que não se recordam do que queriam dizer ou do que estavam a falar, ou pedem recorrentemente ao psicólogo para repetir o que disse.

O facto de isto acontecer em sessão pode causar desconforto ao sobrevivente e até sentimentos de vergonha ou desadequação. Este pode ter receio que o terapeuta pense que não está envolvido ou que não estava a prestar atenção. 

É importante saber que esta reação é natural e que ao acontecer em sessão permite criar uma oportunidade para ser identificada e gerida. O terapeuta pode ajudar o sobrevivente a estar mais consciente dos sinais que indicam quando dissocia, tal como, partilhar algumas estratégias para lidar com estes episódios no dia a dia.

Se é sobrevivente de violência sexual, queremos que saiba que nunca é tarde para procurar apoio. Contacte-nos através da Linha de Apoio 910 846 589 ou do email apoio@quebrarosilencio.pt, os nossos serviços de apoio são gratuitos e confidenciais.